No Brasil, mais de 65 milhões de pessoas, 40% da população, está com excesso de peso e 10 milhões são consideradas obesas. Os números são da Associação Médica Brasileira e não distinguem idade nem classe social. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, do IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, analisando 188 mil brasileiros de todas as idades, mostrou que 50% dos homens e 48% das mulheres está com excesso de peso, sendo que 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres apresentam obesidade.
O excesso de gordura no corpo atrapalha a execução de atividades diárias e interfere na autoestima. Mas, além disso, a obesidade está realacionada, entre outros, à problemas cardíacos e respiratórios e pode até mesmo agravar quadros de doenças como o diabetes. Primeiro, é preciso entender que a obesidade não é a simples gula associada ao sedentarismo. Trata-se de uma doença crônica, definida pelo acúmulo de tecido gorduroso localizado ou generalizado, que provoca o desequilíbrio nutricional. Pode estar associada, ou não, a distúrbios genéticos ou endócrino-metabólicos.
Uma vez entendida como uma doença, a obesidade deve ser tratada e o acompanhamento médico é fundamental. No entanto, em casos de obesidade mórbida, o tratamento clínico mostra-se ineficaz. Apenas 2% dos pacientes tende a manter a perda de peso a longo prazo. Para a maioria, a cirurgia bariátrica é a opção mais recomendada. Em Brasília, o Hospital HOME é um dos únicos particulares a realizarem o procedimento e é referênca no Distrito Federal.
A cirurgia
O procedimento não é novo, é realizado há mais de 30 anos. Nos últimos anos, no entanto, os números têm crescido. Para se ter uma ideia, em 2003, foram realizadas 16 mil cirurgias no Brasil. O número subiu para 60 mil em 2010, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. A tecnologia empregada também se modernizou. Por meio da cirugia por videolaparoscopia, são realizadas apenas cinco pequenas incisões no abdômen. Com o auxílio de câmeras, a cirurgia é realizada sem a antiga necessidade de grandes cortes. O paciente se recupera mais rapidamente e pode voltar às atividades normais em menos tempo.
Para se candidatar ao procedimento é necessário que o IMC – Índice de Massa Corpóreo (cálculo realizado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado) esteja acima de 40Kg/m2, ou entre 35 e 40Kg/m2 se a obesidade está relacionada à outras enfermidades. Em alguns casos especiais há relatos na literatura da cirurgia para pacientes com IMC entre 30 e 35Kg/m2, mas apenas se for relacionada à doença grave e se for constatada a intratabilidade clínica por um especialista. É preciso também ter mais de 16 anos e estar em tratamento há pelo menos dois anos, sem sucesso na perda de peso.
Um dos destaques dos estudos atuais é o da utilização da cirugia bariátrica em pacientes obesos com diabetes. A cirurgia é capaz de reduzir a mortalidade por complicações do diabetes em 92%. Isso porque, quando parte do estômago e intestino são desviados, ocorre uma série de benefícios metabólicos que promovem, além da diminuição da ingesta alimentar, o estímulo pancreático e melhora do metabolismo, e consequente melhora do diabetes. Há estudos que mostram que 83% dos pacientes previamente diabéticos deixam de sê-lo após o procedimento.
A cirurgia apresenta muitos benefícios. A perda de peso e consequente diminuição das doenças relacionadas à obesidade, a diminuição do risco de mortalidade e a melhoria da qualidade de vida estão entre elas. Há, no entanto, risco de infecções, de hipoglicemia e cálculos na vesícula, além da possível necessidade de outras operações para corrigir hérnias e flacidez de pele. Esses riscos podem ser minimizados quando há o cuidado necessário e boa qualidade das instalações.
Tipos de procedimento
Os tipos de procedimento mais realizados no HOME são o Bypass Gástrico, a Banda Gástrica Ajustável e a terapia auxiliar Balão Intragástrico.
O bypass gástrico é a técnica bariátrica mais praticada no Brasil, correspondendo a 75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à cirurgia perde de 40% a 45% do peso inicial. Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome
A banda gástrica ajustável representa 5% dos procedimentos realizados no País. Apesar de não promover mudanças na produção de hormônios como o bypass, essa técnica é bastante segura e eficaz na redução de peso (20% a 30% do peso inicial), o que também ajuda no tratamento do diabetes. Instala-se anel de silicone inflável ajustável ao redor do estômago, que aperta mais ou menos o órgão, tornando possível controlar o esvaziamento do estômago
O Balão Intragástrico é uma terapia auxiliar para preparo pré operatório. Trata-se de um procedimento não cirúrgico, realizado por endoscopia para o implante de prótese de silicone, visando diminuir a capacidade gástrica e provocar saciedade
Cuidados
Quem se enquadra nos requisitos e deseja realizar a cirurgia deve se preparar. No HOME, o paciente integra um programa que inclui pré e pós operatórios. Antes de realizar o procedimento, durante mais ou menos 60 dias, ele é acompanhado por nutricionistas e psicólogos a fim de mudar os hábitos diários. Quando o estômago é reduzido, ele não poderá mais comer como antes e é necessário que já tenha mudado os costumes alimentares antes mesmo da operação. Além disso, são realizadas avaliações física, cardiológica e pulmonar, edoscopia digestiva e exames laboratoriais completos. Tudo feito por uma equipe preparada para lidar com as especificidades do preparo.
“A cirurgia é um evento dentro de todo o processo. Para que o paciente tenha sucesso com a cirurgia é importante se preparar, entender os benefícios, seguir as recomendações, fazer o acompanhamento multidisciplinar”, afirma o Dr. Túlio Marcos Cunha, cirurgião bariátrico responsável pelo programa do HOME, “Para ter sucesso é preciso entender que o tratamento do pré continua no pós operatório. É fundamental que o paciente entenda a importância disso”, acrescenta.
O programa do pós operatório inclui um acompanhamento intenso nos primeiros meses. Após um ano de cirurgia o acompanhamento passa a ser semestral e posteriormente, anual.
O Dr. Túlio Marcos Cunha é responsável pelo programa de cirurgia bariátrica
Em relação à estrutura, o HOME possui equipamentos de anestesia e equipamentos de monitoramento perioperatório além de macas e ventiladores adaptados. A equipe de enfermagem e os demais profissionais seguem uma normatização de conduta para que o paciente possa ter o máximo de resultado.
Reunião mensal
Para saber mais sobre o procedimento, nas últimas quartas-feiras do mês, pacientes, familiares, além dos responsáveis pelo programa se reúnem para trocar experiência e ouvir depoimentos de quem já passou pela cirurgia bariátrica. A reunião é às 19h30 no Pronto Atendimento do HOME. A entrada é livre.
Mais infromações no site da Gastrobesi e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Postado por Mariana Tokarnia - Assessora de Imprensa