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Cirurgia Bariátrica e Metabólica

Como ela ajuda a curar doenças como o diabetes

De acordo com pesquisas publicadas recentemente pelo Ministério da Saúde, mais de 60 milhões de brasileiros estão acima do peso, sendo que 36% deste grupo é considerado obeso. Quais são as principais consequências à saúde que esta parcela da população enfrenta?

Dr. Túlio Marcos Cunha - A obesidade pode acarretar uma série de doenças e complicações, figurando como uma das principais causas de morbimortalidade. A principal delas é o Diabetes Mellitus tipo II, considerada uma epidemia que acompanha a obesidade e a sua incidência tem preocupado instituições de saúde em todo o mundo. Várias outras doenças estão associadas, das quais podemos destacar a hipertensão arterial, dislipidemias, apneia do sono, problemas osteoarticulares, doença do refluxo gastro-esofageano, esteatose hepática, além de alguns tipos de câncer.

Diante do cenário epidêmico da obesidade, houve um aumento exponencial no número de cirurgias bariátricas no Brasil. Como este tipo de procedimento ajuda na melhoria da saúde e da qualidade de vida dos pacientes?

Dr. Túlio Marcos Cunha -
O Brasil é atualmente o segundo país no mundo que mais realiza cirurgias bariátricas (entre 80 e 90 mil cirurgias por ano), ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A cirurgia, hoje conhecida como Cirurgia Bariátrica e Metabólica, comprovadamente demonstrou uma série de benefícios para grande parte dos pacientes: além de uma perda sustentável do peso, nota-se a melhoria de várias doenças e comorbidades diretamente ligadas à obesidade e às síndromes metabólicas.

Segundo o Datasus, a taxa de mortalidade neste tipo de cirurgia é inferior aos 0,2% no país. Além de muito mais segura, quais são as vantagens das cirurgias bariátricas realizadas através da videolaparoscopia?

Dr. Túlio Marcos Cunha -
A cirurgia videolaparoscópica foi um dos maiores avanços ocorridos em nossa especialidade. A primeira cirurgia bariátrica através de laparoscopia foi realizada há mais de 20 anos, nos Estados Unidos, e desde então o procedimento avançou de maneira significativa. Com a modernização dos equipamentos e a padronização técnica das equipes, o procedimento tornou-se bastante seguro e com índices de complicações bastante baixos, seguramente muito menores que os riscos oferecidos pela obesidade. A técnica minimamente invasiva propicia uma recuperação mais rápida, menor dor durante o pós-operatório, menor chance de complicações de feridas (tendo em vista pequenas incisões) e, obviamente, um retorno mais rápido à rotina.

Apesar da sua eficiência comprovada, cerca de 10% dos pacientes que se submetem a estas cirurgias no Brasil voltam a engordar. Qual a principal causa e como é possível aumentar a margem de sucesso após o procedimento?

Dr. Túlio Marcos Cunha -
Sempre destacamos, nas consultas e reuniões multidisciplinares, a importância da mudança do estilo de vida, fundamental para o sucesso da cirurgia, sendo que estas mudanças devem começar antes mesmo do procedimento. A cirurgia propicia uma série de benefícios metabólicos que contribuem para perda e manutenção do peso. Porém, para que estes benefícios perdurem é necessário manter bons hábitos alimentares e praticar regularmente atividades físicas.

Algumas pessoas acreditam que a cirurgia bariátrica elimina o peso apenas pelo fato de haver a redução do estômago e, consequentemente, uma menor ingestão de calorias. Entretanto, sabe-se hoje que a cirurgia bariátrica está relacionada a um sistema complexo que envolve diversos hormônios e sinais cerebrais. Quais são os principais impactos metabólicos após o procedimento?

Dr. Túlio Marcos Cunha -
Inicialmente, acreditava-se que o sucesso da cirurgia estava relacionado somente à redução volumétrica do estômago. Com os estudos e um maior conhecimento da fisiologia digestiva, várias publicações na literatura demonstraram a melhora hormonal e metabólica diretamente relacionadas à cirurgia. Daí a mudança do nome para Cirurgia Bariátrica e Metabólica. O principal impacto positivo do ponto de vista metabólico está relacionado ao Diabetes Mellitus e à Síndrome Metabólica. Diversos benefícios hormonais e metabólicos também contribuem para diminuição da fome e melhora da saciedade, além de provocar estímulos ao pâncreas que proporcionam o controle ou remissão das principais doenças ligadas a obesidade.

A obesidade é um fator de risco, especialmente para o desenvolvimento de síndromes metabólicas, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia. A cirurgia bariátrica pode ser uma solução para pessoas que apresentam estes quadros, especialmente em relação a comorbidades?

Dr. Túlio Marcos Cunha –
Sim, sem dúvida. O principal foco de estudo hoje está relacionado ao impacto metabólico da cirurgia frente às diversas comorbidades ou doenças ligadas à obesidade. Vários trabalhos demonstraram impacto positivo sobre a saúde e a qualidade de vida destes pacientes.

O Diabetes é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Atualmente, mais de 150 milhões de pessoas sofrem com o distúrbio, sendo que 90% é diagnosticado com o tipo 2 da doença, que ocorre principalmente por conta dos hábitos pouco saudáveis da vida moderna. Quais são os principais riscos da doença e os problemas enfrentados pelo diabético?

Dr. Túlio Marcos Cunha –
A maioria dos pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II estão acima do peso e boa parte deles não consegue controlar a doença, mesmo com o uso regular de medicamentos, agravando ainda mais a saúde destes indivíduos. Segundo dados da International Diabetes Federation, uma pessoa morre a cada 7 segundos em consequência desta doença e de suas complicações. Do ponto de vista econômico, cerca de 11% do orçamento mundial direcionado à saúde é gasto com o Diabetes. A doença em estágio avançado pode comprometer vários órgãos, aumentando os riscos de infarto, acidente vascular cerebral (AVC), amputação de membros, insuficiência renal e necessidade de hemodiálise, cegueira, neuropatia, dentre outros.

Estudos recentes apontam a cirurgia bariátrica como uma possível solução para o tratamento do Diabetes. No Reino Unido, por exemplo, o NICE – National Institute for Health and Care Excellence sugere que pacientes diabéticos tipo 2, com IMC acima de 30, são elegíveis aos procedimentos. A técnica realmente pode auxiliar no combate à doença?

Dr. Túlio Marcos Cunha –
Vários trabalhos demostraram benefícios em relação à melhora do Diabetes tipo 2 em pacientes com IMC (índice de massa corporal) entre 30 e 35. Existe um grupo de estudo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, junto ao Conselho Federal de Medicina, discutindo esta revisão na indicação. Atualmente permanece o critério clássico, que indica o procedimento apenas para pacientes diabéticos que possuem IMC acima de 35, além dos demais critérios necessários para a indicação cirúrgica.

Apesar de vários estudos apontarem uma melhoria significativa no quadro dos diabéticos que foram submetidos à cirurgia bariátrica, muitos especialistas afirmam que não se pode determinar o procedimento como fator de cura, já que os trabalhos científicos são recentes e ainda estão sendo analisados. Inclusive, o Conselho Federal de Medicina não autoriza a cirurgia bariátrica como técnica para o tratamento do Diabetes. Entretanto, tendo em vista os indicativos destes estudos, é possível acreditar que o procedimento possa vir a ser adotado como tratamento da doença, inclusive em pacientes que não apresentam quadros graves de obesidade?

Dr. Túlio Marcos Cunha –
Acreditamos que a cirurgia é mais uma ferramenta no tratamento desta doença crônica grave, desde que estes pacientes se enquadrem dentro dos critérios estabelecidos. O grande desafio é identificar os pacientes com maior chance de resposta à cirurgia e também aqueles com maior potencial de complicações relacionadas ao Diabetes, que não estão respondendo ao tratamento clínico convencional.

A procura por cirurgia bariátrica aumentou quase 90% no Brasil nos últimos cinco anos. Diante destes números, da evolução do procedimento e por ser uma possível ferramenta contra as doenças metabólicas, existe o risco de uma banalização do procedimento?

Dr. Túlio Marcos Cunha –
A procura realmente tem aumentado muito nossa rotina diária no consultório. A cirurgia bariátrica e metabólica obedece a critérios rígidos de indicação e todas as equipes envolvidas neste contexto devem obedecer seus protocolos. A cirurgia da obesidade tem em seu pilar de indicação o tratamento e controle de doenças graves, não sendo indicado somente para controle de peso ou fins estéticos. Infelizmente não dispomos de tratamentos tão eficazes quanto a cirurgia para tratar a obesidade leve (IMC entre 30 e 35). A nossa expectativa é que novos métodos, realizados através de endoscopia e que se encontram em estágio experimental, possam ser aprovados em breve e oferecidos na prática diária para estes pacientes que não se encaixam no protocolo cirúrgico.

Quais são suas considerações finais, especialmente àqueles que fazem parte do quadro de risco da obesidade?

Dr. Túlio Marcos Cunha –
Sempre destacamos em nossas reuniões informativas e preparatórias que a cirurgia faz parte de um programa multidisciplinar, que envolve o acompanhamento de uma equipe composta por várias especialidades: nutrição, psicologia, endocrinologia, dentre outras. Este trabalho em conjunto é extremamente necessário para o seu sucesso, já que é fundamental que o paciente mude os seus hábitos alimentares e realize atividades físicas regulares, antes mesmo da cirurgia. Com profissionais qualificados e a consciência do paciente sobre a importância deste tratamento, as chances de excelentes resultados são altas, garantindo a melhoria da saúde e da qualidade de vida destes indivíduos.

Fonte: Revista Ponto Cirúrgico

Serviço


Dr. Túlio Marcos Da Cunha

CRM/DF 13.554

Graduado em Medicina em 1995

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

Faz parte do corpo clínico do Hospital HOME

 

 





 
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