Dr. Wallace: Vamos começar definindo o que são varizes. Os equívocos por parte dos pacientes já começam na definição das varizes. Muitos pensam que varizes são aquelas veias que formam as famosas “aranhas nas pernas”, outros acham que varizes são somente as veias muito grossas. Varizes são todas as veias dilatadas e tortuosas que podem se apresentar desde pequenas veias “esverdeadas” até as veias mais calibrosas. O tratamento pode diferir de uma para outra. As varizes podem ocorrer em qualquer região do corpo. Existem varizes no esôfago (varizes esofágicas), varizes na bolsa escrotal (varicocele), varizes no ânus (hemorróidas). No entanto, o mais comum são as varizes nas pernas. O motivo pelo qual ocorrem mais nas pernas tem a ver com a nossa evolução. Quando nos tornamos bípedes, ou seja, quando passamos a andar sobre as duas pernas, houve um aumento de pressão sobre as veias das pernas, o que facilitou o aparecimento das varizes.

Quais os fatores que podem justificar o aparecimento de varizes?

Dr. Wallace: Inúmeros são os fatores que causam as varizes nas pernas. Os principais são:

hereditariedade (se na sua família alguém tem varizes, existe a possibilidade de você também desenvolver varizes na perna);

ganho de peso (se você ganhou recentemente ou vem acumulando alguns quilos a mais nestes últimos anos, você é forte candidato a apresentar varizes, pois, com o sobrepeso, a pressão dentro do abdome aumenta e dificulta o retorno sanguíneo das pernas para o coração);

sedentarismo (intimamente ligado ao fator anterior, o sedentarismo torna os músculos cada vez mais fracos, e são os músculos das pernas a principal bomba para fazer o sangue retornar ao coração. Quando fracos, o sangue tende a se acumular nas pernas possibilitando o aparecimento das varizes);

ficar muito tempo em pé ou sentado (Quando o indivíduo fica muito tempo parado, a musculatura contrai e relaxa poucas vezes e o sangue acumula nas pernas. Sem falar que existe ainda a gravidade que dificulta esta subida do sangue até o coração);

uso de hormônios (anticoncepcionais e reposição hormonal após a menopausa, atuam diretamente na parede das veias gerando uma inflamação, tornando-as mais frágeis e suscetíveis à dilatação);

ser do sexo feminino (pelo fato de as mulheres produzirem o estrogênio e a progesterona em maior quantidade, as varizes são mais prevalentes nas mulheres);

idade (as varizes aparecem comumente a partir dos 30 anos e tendem a piorar com a idade) e gestação (na gestação há o aumento de peso, a mulher tende a ficar mais em repouso, a pressão abdominal aumenta muito, é liberado uma enxurrada de hormônios na circulação, ou seja, a gestação reúne vários fatores em um só.

Existem outros fatores, tais como uso de salto, trauma sobre a perna, constipação intestinal, uso de roupas apertadas, que devem ser citados, mas têm menos importância na formação das varizes em relação àqueles citados anterioremente.

Quais são os sintomas das varizes?

Dr. Wallace: As varizes propriamente ditas, muitas vezes, não geram sintomas. Quando presentes, os sintomas mais comuns são prurido (coceira), queimação ou ardência local, dor no trajeto venoso. Em longo prazo, com o aumento do tamanho e da quantidade das varizes, somados a alguns dos fatores de risco acima citados como ganho de peso, sedentarismo, ficar longos períodos sentado ou em pé, pode ocorrer uma situação chamada “insuficiência venosa crônica” que se apresenta como cansaço nas pernas, sensação de peso nas pernas, inchaço dos pés, tornozelos e pernas, alterações da pele tanto na cor quanto na textura e feridas (úlcera varicosa), estágio final da insuficiência venosa. Pode ainda ocorrer inflamações das varizes onde há a formação de um coágulo dentro dessas veias (flebites), sangramentos (varicorragia) e tromboses mais sérias que acometem veias mais profundas.

 

Dr. Wallace: A indicação do tratamento deve ser sempre individualizada, pois cada paciente apresenta fatores que indicarão ao cirurgião vascular o melhor caminho a ser seguido, seja o tratamento cirúrgico ou o tratamento clínico.

Além da cirurgia, há outros procedimentos que ajudam no combate a varizes?

Dr. Wallace: O melhor tratamento é sempre a prevenção. A cirurgia está reservada para aqueles casos em que as varizes já estão presentes nas pernas e não há nenhum outro tipo de terapia capaz de retirá-las, exceto, através de sua ressecção cirúrgica. A cirurgia de varizes, atualmente, está muito segura, pois, além da consagração da cirurgia tradicional (mais comum), existem outros métodos como o laser, a radiofrequência, o uso da espuma ou mesmo a combinação destes vários métodos que vieram somar ao arsenal terapêutico já existente, sem falar na melhora dos métodos anestésicos e daqueles para prevenção das principais complicações cirúrgicas. É importante frisar que cabe ao cirurgião vascular definir o melhor método para tratamento das varizes. O paciente participa dessa decisão quando lhe é exposto mais de uma alternativa para o seu tratamento.

Há casos que pacientes procuram os médicos achando que estão com problema de varizes, mas descobrem que é o início de uma trombose e vice-versa. Alguns sintomas como dores nas pernas, queimação na panturrilha e inchaço confundem os pacientes. Qual a diferença entre varizes e trombose?

Dr. Wallace: O que existe em comum entre varizes e trombose é que ambas acontecem nas veias. Por fazerem parte do mesmo sistema, muitas vezes os sintomas se confundem e podem coexistir (paciente com varizes ter uma trombose e vice-versa). Tanto as varizes quanto a trombose podem gerar dor, inchaço e queimação nas pernas. Até os médicos mais experientes que se deparam com estes pacientes podem apresentar dúvidas no diagnóstico. Uma conversa criteriosa com o paciente, um exame físico bem feito e análise de exames de sangue e radiológicos, em alguns casos, conseguem fechar o diagnóstico. A trombose é a formação de coágulo dentro da veia. Quando ocorre nas veias mais superficiais (visíveis na pele ou nas safenas) chamamos esta trombose de flebite. Quando ocorre em veias do sistema venoso profundo denominamos de trombose venosa profunda. O tratamento para essas tromboses pode não ser igual, assim como as complicações. Por isso, em caso de suspeita de trombose, o paciente deve procurar imediatamente o pronto socorro para confirmação diagnóstica ou não. Uma das principais complicações da trombose venosa é a embolia pulmonar que pode ser fatal. Por isso a importância desse diagnóstico o mais precocemente possível.

Quais os tratamentos indicados para a trombose?

Dr. Wallace: O nome “trombose” tem um peso enorme, pois remete aos pacientes histórias, pessoais ou contadas por outros, muito ruins. Pensa-se que vai perder a perna, que o coágulo vai invariavelmente “andar” até o pulmão, entres outras histórias que dão até “frio na espinha”. Uma vez diagnosticada a trombose venosa profunda, o tratamento é feito basicamente por meio do uso de anticoagulantes (orais e/ou injetáveis), de repouso relativo (com as pernas elevadas) e da utilização de meias de compressão. Eventualmente, podem ser necessárias intervenções cirúrgicas para o tratamento de tromboses muito graves. Atualmente, a maioria dos casos são tratados ambulatorialmente, ou seja, tratados em casa e acompanhados no consultório médico. Cabe sempre ao médico definir se o paciente será internado ou não. A(s) veia(s) acometida(s), os sintomas do paciente, a dificuldade ou facilidade em acessar o hospital, em caso de urgência, são fatores que auxiliam na decisão entre internar ou não o paciente. Nos casos de embolia pulmonar a internação é sempre indicada e, na maioria das vezes, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para ser mais bem acompanhado e monitorizado. Nos casos das flebites, o tratamento é feito com anti-inflamatórios (orais e tópicos), com analgésicos, com calor local e, em alguns casos, há necessidade de anticoagulantes.

 

Para marcar consulta na especialidade de cirurgia vascular, ligar no 3878-2878, opção 2, depois opção 4.


Por Cássia Borges
Assessora de Comunicação do HOME